EM MINHAS MEMÓRIAS...


Se você curtiu o texto da aluna Thalita Silva, que tal ler esta produção de outro de meus alunos?

Francisco Erialdo Almeida Lima está cursando o 8° ano na Escola de Ensino Fundamental Francisco Venâncio da Silva, e fez este texto a partir de entrevista com pessoas da comunidade do Córrego do Machado, lugar onde mora e estuda.

Erialdo Almeida
Vale ressaltar que o título é uma referência ao santo padroeiro do Ceará: São José, tido como aquele que envia água para acalentar o povo do sertão nordestino.
Trata-se também do gênero Memórias Literárias.
Leia:



Água do Padroeiro


Era começo de inverno e as chuvas de fevereiro pareciam ganhar mais força agora em março. Muitos diziam que era a bênção de São José.
De tanto chover os rios transbordaram e emendaram-se com as lagoas e os lagos até invadirem nossas casas. Começava o período de enchente.
Os pais coçavam suas cabeças e as mães juntavam as galinhas do quintal num garajal, uma espécie de gaiola feita com talos de carnaubeira amarrados com cordão.
A gente via animais matando suas sedes e comendo mato verde nos lugares mais altos. As formigas se juntavam e formavam uma bola boiando na água.
Lembro que de vez em quando visitávamos nossas casas, e lá, eu via aranhas, ratos e escorpiões. Meus pais diziam que eles não tinham mais para onde ir, então se escondiam ali.
Não percebia, mas meus pais ficavam preocupados, pois era uma época muito difícil. Já os meus amigos e eu adorávamos andar de canoa pelos rios, fazendo rodeios até chegarmos aos lugares de conforto.
Quando a enchente acabava, todas as famílias voltavam para suas casas com a garantia de que o solo estava preparado para a plantação e de que a safra seria boa.

Francisco Erialdo Almeida Lima

6 comentários

  1. Excelente texto! Parabéns Erialdo, histórias assim são como uma caixa de recordações e eu adorei voltar no tempo e relembrar.

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    1. E a gente viaja mesmo. E se emociona de diversas maneiras.

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