FERNANDO PESSOA: MISTÉRIO?


Embora muitos tenham manifestado opiniões contrárias e muitas vezes, até preconceituosas, creio que o livro mencionado a seguir deve ter méritos respeitados.
“Fernando Pessoa - Uma quase-autobiografia” foi considerado pela ABL - Academia Brasileira de Letras o “melhor livro do ano”.


A obra escrita pelo pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho é tida como a melhor e mais importante biografia de Fernando Pessoa até hoje.

Cavalcanti é advogado, ex-ministro da Justiça do Brasil, consultor do Banco Mundial e da UNESCO. É também um dos integrantes nomeados pela Presidência Brasileira da Comissão da Verdade, órgão responsável pela investigação dos crimes no período da ditadura.

João Paulo Cavalcanti
Pretencioso, o autor disse em entrevista que foi o desejo de saber coisas além de tudo o que já fora informado sobre Fernando Pessoa, o principal motivo desta obra que já começa por trazer à tona a informação de que os heterônimos de Pessoa ultrapassam os 72 divulgados no início da década de 90, pois de acordo com estudos e pesquisas de Cavalcanti foram descobertas 127 “pessoas” de Fernando.

Para sua obra, o escritor se dedicou a além das obras do poeta às mais de 30 mil páginas que traziam anotações sobre si mesmo, suas visões de literatura, vida pessoal e familiar e fatos do cotidiano.

Em seu livro há tantas frases de Pessoa que mais parece uma situação na qual o poeta se encontra num divã a falar e a falar, enquanto Cavalcanti se limita apenas a anotar tudo o que ouve.

Num dos muitos trechos o escritor transcreve “Sabes quem sou eu? Eu não sei", das anotações lidas a fim de questionar a orientação sexual do poeta. Para ele, sim, Fernando Pessoa era homossexual, mesmo não havendo registro, foto ou depoimento que comprove tal afirmação.

Ele até teve um affair com Ofélia Queiroz, seu mais conhecido relacionamento, mas nada indica que ambos tenham mantido relação sexual alguma.

Ofélia Queiroz
Ao ser entrevistado pelo jornal O Globo, o autor ressaltou que "Essa tendência [homossexual] atravessa os heterônimos, sobretudo Álvaro de Campos, que era assumidamente gay. Acredito que se ele vivesse nos dias de hoje talvez se assumisse. Ele tinha um amigo, Antônio Botto, que era homossexual assumido, apesar de casado. Ele contava ter ficado assustado com o tamanho do pênis de Pessoa, que seria muito pequeno. Não tenho como provar, mas minha explicação é que por isso o poeta não tinha coragem de se expor perante as mulheres".

Antônio Botto
Antônio Botto foi um importante poeta português e um dos mais originais e polêmicos de sua geração, além de grande amigo de Fernando Pessoa.

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