COMO ASSIM, MEGERA?


É mais que necessário ao leitor a desfrutar desta clássica peça de William Shakespeare que tenha, no mínimo, maturidade
para que a arte em si possa ser aproveitada como deve.

Considerado por muitos críticos, bárbara e ofensiva a escrita de “A Megera Domada”, o autor não pode cochichar para quem lê sua obra antes de iniciá-la dizendo “Calma! Esta peça pertence ao final do século XVI, quando nem se questionavam discussões feministas e o machismo é extremo”.

Livro publicado em 1594
Seria trágica se não fosse cômica a maneira como Petrúquio desposa a indomável Catarina. Há um conflito de interesses, sim, neste personagem. Vale lembrar que a moça é muito bonita, tem dotes muito valiosos e que ele nem a conhecia antes de já querer casar-se com ela.

William Shakespeare
Casamentos arranjados, mulheres submissas, homens que se juntavam para se gabarem por serem homens... e por aí vai.

Época em que mulheres não frequentavam escolas, por isso seus conhecimentos se limitavam às habilidades de uma dona de casa fiel, prendada e obedientes aos seus maridos. As aulas das mulheres desde meninas se resumiam à boa etiqueta, costura, canto, dança e culinária. Mas Catarina não se encaixava nestes “princípios”.

Catarina (Adriana Esteves) e Petrúquio (Eduardo Moscovis) em "O cravo e Rosa", telenovela adaptada, 2000.
Elizabeth Taylor e Richard Burton, em "A Megera Domada", filme de 1967
Será se Shakespeare escrevesse o contrário seria “A Megera Domada” um clássico da Literatura mundial? E se ele fez a peça como fez justamente para denunciar ironicamente a submissão da mulher naquela época?

Fico imaginando os casais assistindo ou lendo a peça com seus risos: das mulheres por terem que rir da tristeza que era ser estrela da triste tragédia de sempre obedecer, e dos homens por serem retratados como deuses por serem homens.

E nos dias atuais? Como os leitores interpretariam esta obra? Catarina é mesmo uma “megera”? A escolha do título é propícia? A mulher tem que ser submissa ao homem? Só pode casar a mulher que possuir inúmeros dotes domésticos (e financeiros)? Ai, ai... Pior que algumas coisas não mudaram muito.

Will, Will... meu escritor favorito...

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