"GAIOLAS" - UM POEMA DE QUEM TEM A LIBERDADE DENTRO DE SI


Há tempos que pretendia postar aqui um poema que li, e logo gostei. Mas, para tanto, precisava da autorização do autor.

O título do poema já é convidativo a ler por si só: Gaiolas. E o autor? Um jovem de apenas 24 anos.

Devo acrescentar que, apesar de morarmos na mesma urbe, nunca tivemos uma conversa pessoalmente, porém, já o admiro através de seus poemas.

As metáforas encontradas no que ele escreve fazem o leitor viajar em interpretações diversas, ainda que nelas haja mais que resquícios de suas experiências de vida e de seus pensamentos e sentimentos mais íntimos. Segundo ele, sua inspiração vem das observações do mundo em que vive, fazendo com que o mesmo veja o universo e as pessoas como deveriam ser vistos, ou seja, sem rótulos, sem prisões, sem julgamentos nem preconceito.

Adelino Lima
Seu nome? Adelino Lima. Um rapaz que gosta de ler romances como os de Clarice Lispector,

Clarice Lispector
e poemas como os de Oliver Wendell Holmes. Deste, até me enviou um trecho de um poema:

Oliver Wendell Holmes

"onde amamos é o nosso lar, lar onde nossos pés podem deixar, mas não nossos corações".

Acompanhem o belíssimo poema produzido pelo jaguaruanense Adelino Lima:


Gaiolas


Nesse castelo de sombras

Os meus segredos infames

Aguçam minhas dores

Vagando pelos quartos

E pelos corredores

Qual o valor de um sorriso

Quando se chora em seus lençóis 

Como gritar o que é preciso

Se a dor cala a sua voz


Na retina dos meus olhos

Trago lágrimas perdidas

Nos ouvidos, as palavras

Que causaram as feridas

A gaiola está pequena

E a alma enjaulada

Quando romper essa corrente

Serei o pássaro mais quente 

A voar na madrugada


Os demônios do meu quarto

Jogaram-me da sacada

Metralhando no meu peito

Suas balas prateadas

Flechas dominantes 

Não me ferem como antes

O teu mal é momentâneo 

Não sou muro de concreto

Sou barra de titânio


Sofri calado, no passado,

Quando me cortaram as asas

De uma forma bem cruel

Elas agora são maiores

Do que qualquer arranha-céu

Eles não podem me alcançar

Tampouco me compreender

Posso agora afirmar

Que ninguém pode me vencer


Estou me tornando melodia

E sou o ritmo mais quente 

Das pistas mais dançantes

Sou grito mais potente

Das palavras mais chocantes

Sou os ventos mais revoltos

Em todos os lugares

Que balançam seus cabelos

Que ressacam os seus mares.

Adelino Lima                      



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