CRIOLO E O CÁLICE ATUAL


Kleber Cavalcante Gomes, nascido na cidade de São Paulo em 1975, é mais conhecido como o rapper Criolo Doido ou simplesmente Criolo. Porém, sua música não se prende somente ao termo rap. Soul, samba, hip hop e afrobeat são alguns dos gêneros pelos quais suas canções transitam.

Apesar de ter começado a cantar rap em 1989, Criolo somente começou a aparecer no cenário musical na primeira década dos anos 2000. Ele foi vendedor de lojas e rua, e, entre 1994 e 2000, trabalhou como educador.

Criolo
Com o nome artístico de Criolo Doido, o rapper lançou o seu primeiro álbum - "Ainda Há Tempo" - em 2006. Nesse mesmo ano, Criolo fundou a Rinha de MC's, evento promovendo as batalhas de improvisação, shows, exposições de graffiti e fotografias. Foi na Rinha de MC's que o rapper gravou o DVD "Criolo Doido Live in SP", lançado em 2010.


Em 2011, o artista paulistano mudou o nome artístico de Criolo Doido para Criolo e lançou o seu segundo álbum, "Nó na Orelha", produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral. "Nó na Orelha", que teve a música "Não existe amor em SP" como principal destaque, apresentou sonoridades mais diversificadas, misturando samba, afrobeat , funk, soul, hip hop e brega. Na premiação MTV Vídeo Music Brasil (VMB) daquele ano, Criolo ganhou os prêmios de melhor álbum e melhor canção.


Aclamado pela crítica, "Nó na Orelha" também foi eleito pela Revista Rolling Stone o melhor disco de 2011. Em 2014, Criolo lançou "Convoque seu Buda", seu terceiro álbum de estúdio.


Recentemente, o cantor fez uma versão para o clássico "Cálice" de Gilberto Gil e Chico Buarque, na qual faz crítica à violência nos centros urbanos e na periferia. Critica também o preconceito à raças, aos nordestinos e aos que não tiveram uma boa educação alfabetizadora, salientando que se tiver riquezas o sujeito se livra dos três tipos de preconceitos.

Na versão, o compositor menciona clama por seu afastamento: de biqueiras, gíria usada para o termo "boca de fumo" ou ao lugar onde se vendem drogas; de biates, gíria aportuguesada para a palavra inglesa bitch (mulher maliciosa ou mesmo prostituta) e de coqueine (cocaína).

Gilberto Gil e Chico Buarque
Em uma das estrofes, na qual cita Milton (Nascimento) e Chico (Buarque) levanta a hipótese de que a ditadura e a repressão ainda existe, mas para o compositor da versão não há fronteiras para sua poesias.

Vale a pena conferir o vídeo e a letra. (YouTube)

CÁLICE

Como ir pro trabalho sem levar um tiro
Voltar pra casa sem levar um tiro
Se as três da matina tem alguém que frita
E é capaz de tudo pra manter sua brisa

Os saraus tiveram que invadir os botecos
Pois biblioteca não era lugar de poesia
Biblioteca tinha que ter silêncio,
E uma gente que se acha assim muito sabida

Há preconceito com o nordestino
Há preconceito com o homem negro
Há preconceito com o analfabeto
Mais não há preconceito se um dos três for rico, pai.

A ditadura segue meu amigo Milton
A repressão segue meu amigo Chico
Me chamam Criolo e o meu berço é o rap
Mas não existe fronteira pra minha poesia, pai.

Afasta de mim a biqueira, pai
Afasta de mim as biate, pai
Afasta de mim a coqueine, pai
Pois na quebrada escorre sangue,pai.
Pai
Afasta de mim a biqueira, pai
Afasta de mim as biate, pai
Afasta de mim a coqueine, pai.
Pois na quebrada escorre sangue.

Agora veja a homenagem de Chico Buarque à versão de Criolo: (YouTube)


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