Quando algo é lindo, claro que deve ser compartilhado.
Esto a ler "Canções", livro do poeta Antônio Botto, amigo íntimo de Fernando Pessoa, e estou apaixonado pela sua linguagem simples e abusadamente moderna para sua época. Os escritos de Fernando, óbvio, são belíssimos, mas devo confessar que a audácia de Antônio me cativaram de tal forma, que minha admiração por ele cresce numa gradatividade mais veloz que a corrida de um guepardo a fugir de um predador ou ao capturar sua presa.
Fiquem a seguir com um dos poemas do livro.
VII
Anda, vem… ¿por que te negas,
Carne morena, toda perfume?
¿Por que te calas,
Por que esmoreces
Boca vermelha,-rosa de lume!
Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.
Dá-me o infinito gozo
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, -meu amor!
E ouve, mancebo alado,
Não entristeças, não penses,
— Sê contente,
Porque nem todo o prazer
Tem pecado…
Anda, vem… dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;
Tenho Saudades da vida!
Tenho sede dos teus beijos!
In: "Canções", António Botto.
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