O livro escrito pelo aristocrata, escritor, poeta e pioneiro da aviação Antoine de Saint-Exupéry, "O Pequeno Príncipe", lançado em 1943 é um livro mais que famoso, e todos já sabem.
É, por exemplo, o preferido das misses, que reafirmam o seu impacto a cada concurso de beleza, e é aquele que “se transforma a cada leitura”. Um livro que serve para todas as fases da vida.
Antoine de Saint-Exupéry |
De fato, a narrativa composta por pequenas parábolas pode receber diferentes interpretações com o passar dos anos. A relação do principezinho com sua rosa, por exemplo, pode ser de amizade na infância, ou representar as dificuldades de um relacionamento amoroso na vida adulta. Natureza complexa essa que nasce da simplicidade com que Saint-Exupéry apresenta a jornada do seu aviador/narrador e do menino do asteroide B 612.
A nova adaptação de O Pequeno Príncipe ao cinema, contudo, segue pelo caminho oposto. Coloca uma história dentro da história e adiciona uma reviravolta, na justificativa de precisar apresentar o personagem clássico para um novo público. A relação de uma garotinha controlada pela mãe com um excêntrico aviador serve para mostrar a magia transformadora da criação de Saint-Exupéry. Bem construída até o final do segundo ato, porém, a ideia de criticar uma sociedade sem imaginação, preocupada apenas com números e resultados, se perde em um desfecho que subestima a inteligência das crianças, evitando que elas mesmas interpretem a fantasia a que são apresentadas.
Nesse sentido, chega a ser irônico que o grande êxito do filme seja técnico. Visualmente O Pequeno Príncipe é impecável, com sua mistura de estilos de animação – computação gráfica para “o mundo real” e stop motion para a “fantasia” - dando profundidade às diferentes camadas da história. Seu roteiro, no entanto, parece não entender o que representa, como aqueles adultos que não viam o elefante dentro da jiboia no desenho que Saint-Exupéry apresenta nas primeiras páginas do livro. Falta espaço para instigar o espectador, contemplando apenas uma visão efêmera e sem encanto, sufocada pelo peso de uma obra que pode encher os pulmões para se declarar atemporal.
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